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Trilha sonora: um “personagem invisível”

  • Foto do escritor: Rodrigo Boechat
    Rodrigo Boechat
  • 16 de jan. de 2021
  • 2 min de leitura

Quando estou idealizando a trilha sonora para um filme ou uma série, sinto que de certa forma também estou criando um “personagem invisível” (mas não menos importante), que vai participar diretamente das ações e diálogos dos outros personagens, mas a sua voz não será ouvida através de falas, e sim da música. Estas “falas” (representadas pela música original) irão amplificar ou atenuar sentimentos, expressões, situações, pensamentos inaudíveis e, tudo o que não couber em palavras o inefável será dito única e exclusivamente pela música. O compositor é um intérprete de sentimentos, e a trilha sonora, sua representante que atua dentro do universo do filme, o tempo todo ao lado dos personagens, extraindo deles informações que serão traduzidas em linguagem musical.

Se você é um cinéfilo, provavelmente já percebeu quando há uma cena em que o personagem está em um momento de reflexão ou contemplação, pensando a respeito de algo que não está na cena, e a música surge fazendo aflorar paulatinamente as emoções do personagem, que dialogam com a cena seguinte, onde tais pensamentos serão revelados. Temos um exemplo deste tipo de situação em uma das cenas finais de “Forrest Gump” (1994), quando Forrest conta com muita emoção a história de quando conheceu Jenny, e a viu pela primeira vez no ônibus escolar. Quando Forrest está prestes a contar a história, a música entra discretamente enquanto a câmera foca em seu rosto e ele diz “Eu lembro da primeira vez em que ouvi a voz mais doce do mundo.” Neste momento, entra a cena do flashback com a lembrança de Forrest. Esta entrada repentina foi suavizada pela música de Alan Silvestri, que pôde conectar o presente ao passado por intermédio das emoções evocadas por ela.


Neste sentido, a trilha sonora é um agente ativo que atua internamente nas cenas e nas interações entre os personagens, canalizando e conduzindo as emoções que o filme deseja provocar. A partir deste exemplo, notamos que a música original atua não só nas cenas, mas também contribui para a sensação de fluidez e coerência na continuidade de um filme.

Em “Tubarão” (1975), o tema de John Williams exemplifica bem a “personificação” da trilha sonora enquanto um personagem invisível, que entra em cena provendo “voz” ao tubarão e anunciando o terror de sua presença. Se você assistir as cenas de suspense neste filme sem a música, irá notar que é a trilha sonora que dá vida ao tubarão.


Esta alcunha de “personagem invisível” me soa apropriada à trilha sonora original, pois lhe atribui a significação de algo vivo, dinâmico e ativo dentro da narrativa. De fato, a discreta atuação do personagem invisível da trilha sonora exerce uma ação que traz mais vida ao filme. Além do mais, a música original também tem a capacidade de influenciar na noção de tempo e espaço do espectador, potencializando sua experiência de imersão no filme.



 
 
 

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FICÇÃO CIENTÍFICA

Ficção CientíficaRodrigo Boechat
00:00 / 03:10

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Divulgação CientíficaRodrigo Boechat
00:00 / 03:09

MÚSICA BRASILEIRA

Música BrasileiraRodrigo Boechat
00:00 / 01:17

PIANO CLÁSSICO

    Nesta playlist você pode escutar trechos de algumas das minhas composições que já fizeram parte de diversos programas da TV Globo, como Fantástico, Globo Repórter e Esporte Espetacular, por exemplo. Há também trechos de músicas originais para documentários e web séries de divulgação científica em que eu trabalhei.

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